quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Reféns da imprensa especializada

Em primeiro lugar, deixa eu fazer o disclaimer: tenho, praticamente, morado no Cracked e meu pensamento tem se estruturado em forma de listas. Esse texto é uma tentativa de listar sinais claros de que a imprensa esportiva brasileira nos trata como imbecis completos.

Todos sabemos que existem dois tipos de torcedores de futebol: os de clube, que se apaixonaram por um clube e têm (caiu esse acento?) humor alterado duas vezes na semana, porque só está fácil se você torce pelo Cruzeiro, esse tipo acompanha qualquer partida por uma gama infinita de razões, desde o "ah, não tem nada melhor passando mesmo" até por ter escolhido um outro time pra torcer; e os torcedores de Seleção, mas esse texto não é pra vocês, então dispensável descrever.

Motivada por um certo amargor, decidi detalhar dois dos comportamentos que andam me tirando do sério durante momentos (que deveria ser) de idílio esportivo.

O excesso de informação desnecessária

É legal quando os narradores e comentaristas trazem dados relevantes durante a transmissão. Colocação na tabela, diferença de pontos entre os times, saldo de gols... São informações que estão disponíveis a qualquer um com acesso a internet? Sim, mas poucos decidem abrir qualquer tabela durante um jogo, modos que, faz sentido e enriquece, mas tem um consenso geral entre a crônica especializada de que espectador de futebol é burro e precisa ser tratado como uma criança de 5 anos, começando a acompanhar o esporte.

Isso faria todo o sentido num jogo entre seleções. Às quatro da tarde de uma quarta-feira útil esse comportamento apenas irrita quem está escolhendo entre a milésima vez que está passando Jogos Vorazes esses mês e a partida em questão. Não precisa explicar conceito básico de futebol nesse horário. A gente conscientemente decidiu ver o jogo a Bundesliga (hahaha) e sabe do que se trata. Prefiro que você me conte o panorama geral do Campeonato, as estatísticas de determinado jogador ou, sei lá, comente como o Guardiola está sempre bem vestido.

O que nos leva a outro hábito chato...


A zueira que não encontra limites

O meme mais repetido dessa internet é aquele de que a zueira, ela não tem limites, mas a paciência da gente tem sim. Por mais que eu curta uma transmissão menos engessada, onde narradores, comentaristas e repórteres de campo sejam um tanto mais informais, essa leifertização da imprensa esportiva precisa parar.

O povo não pára de pesar a mão tentando fazer gracinha com qualquer coisa que aconteça em campo e, olha, não fica bom na maior parte do tempo. A gente está vendo jogo e acha que todos os nossos tios metidos a engraçados interceptaram a transmissão e decidiram transformá-la num churrasco de família. Aguardo, com pouquíssima ansiedade, o momento em que um deles vai dizer E AS NAMORADA, EIN?. Porque é apenas o que está faltando para a transmissão passar de descontraída a puramente constrangedora.

Talvez isso venha da nostalgia que temos das transmissão dos anos 90 onde nego achava o jogo chato e dava receita de macarrão ou falava do salgado do estádio - que, possivelmente, era tão chato quanto, mas a gente achava tão informal que guardou com carinho. E o que a galera vem fazendo? Isso mesmo: constantemente achando que audiência é formada por hienas bobas e repetindo bordões - que já foram engraçados - à exaustação, tentando emplacar novos bordões, criando uma certa intimidade estranha com jogadores/técnicos, insistindo em piada ruim e, no geral, forçando a amizade com todo mundo. Inclusive conosco.

Tem mais um monte de coisa que não estão me ocorrendo por agora e, conforme for lembrando, volto para dividir. O fato é que a cada jogo que vejo, a transmissão vem me constrangendo mais do que FIIILIIIPIIII saindo em qualquer bola.

E o você, o que te faz ranger os dentes e cerrar os punhos de ódio e nervosinho?

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