Quem nos vê aqui falando de futebol tende a crer que somos um bando de fanáticas loucas. Uma grande mentira. Somos apaixonadas. Tem um texto de uma colabora que tenta explicar como podemos colocar um clube acima de paixões maiores como família, mas não sei se ainda tratei do assunto como gostaria. Por isso, as mal digitadas linhas a seguir. E falam apenas e exclusivamente de mim; da minha vida de apaixonada e aquelas coisas que soam até meio ébrias.
Gostar de futebol nunca foi algo que pudesse escolher. Não lembro de uma época da minha vida em que o futebol estivesse ausente. Oras, na casa pra onde fui onde nasci tinha meu avô: um flamenguista fervoroso que não perdia qualquer jogo do Flamengo ou do Brasil. Na casa de meus outros avós, a situação não era lá diferente: os dois completamente transtornados: ele americano, ela tricolor. Meus fins de semana sempre foram passados próximos a um rádio de pilha, escutando alguma transmissão. Diz a lenda familiar, que do alto dos meus 2 anos acompanhei, em 82, minha primeira Copa do Mundo. Comemorando os gols do Brasil feito gente grande.
Conforme o tempo passou e perdi uma das minhas grandes paixões: o avô americano. E veio a facilidade de cair de amores pelo Flamengo desde que tenho idade pra me lembrar. O futebol possibilitou isso, me mostrou que existe algo muito maior do que nós mesmos nesse mundo. O que jamais perecerá. Aquilo que nos mudará o humor como uma nova paixão arreebatadora, como uma perda na família. É um mundo novo e que te toma de assalto, te leva ao topo do universo e ao fundo do poço.
Não digo que dê sentido à vida, mas abre um leque imenso de possibilidades novas e, quando você se dá conta, está lá, craque da matemática, combinando resultados. Ás da vidência predizendo resultados. Um tremendo ressentido torcendo pela derrota do próximo. Tal e qual acontece quando amamos alguém de verdade: namorado, irmão, pai, filho.
Pelas braços do esporte bretão, me veio o Flamengo. Minha primeira paixão. E tal toda paixão, me decepciona, me alegra, enfim, me surpreende para o bem e para o mal. Mas não me falta. Quando tudo mais está ruim, o Flamengo vai lá, enfia uma goleada - ou ganha apertadinho - e parece que não tem mais nada de errado no meu mundo. É como encontrar o ser amado depois daquele dia em que tudo deu errado e o teu amor te sorri e te abraça e tudo fica longe. Assim são as vitórias do meu time pra mim. E suas glórias são como aqueles momentos bons de um relacionamento que a gente lembra pra sempre. E as vergonhas? Essas são aquelas brigas que esquecemos, porque assim são os amores: imperfeitamente perfeitos.
Morreríamos por nossos clubes da mesma maneira que daríamos a vida por um ente querido. Mas, da mesma forma que não criticamos os amores alheios, não transformamos os "outros" em inimigos mortais. Respeitamos a paixão deles como queremos que a nossa seja também digna de respeito e, por que não, admiração.
Somos apaixonadas e nossos clubes nos bastam. Eles estão acima de qualquer coisa que jamais entenderemos. Pois assim são as nossas maiores paixões: incompreesíveis e deliciosas. Cada uma à sua maneira.
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