terça-feira, 24 de novembro de 2009

Valentia

(Sim, esse texto é uma colaboração porque - por muitos motivos - estamos com pouco tempo e aceitando qualquer ajuda dos amigues que, gentilmente, se oferecem.)

Pode-se dizer que o rubro-negro é, antes de tudo um forte. Antes de ser forte, somos arrogantes em essência, mas somos fortes. Aturamos de 1993 até 2005 times absolutamente medíocres. Quando 30 milhões dependem de 22 pés para definir seu humor, um período de 12 anos de mediocridade é uma depressão da braba. Houve umas doses de valium aqui (Carioca 2001) e acolá (1997), mas nada que nos mantivesse altivos.

Aí, em 2006, ganhamos um título nacional. Uma Copa do Brasil, é verdade, mas é um título de expressão, que nos colocou na Libertadores. E mais, ganhamos do Vasco na final, nosso Irmão Karamazov (Nelson Rodrigues achava que o Fluminense era nosso irmão Karamazov, o que comprova que ele sofria de problemas de visão. Gravíssimos).

Em 2007, com Papai Joel, nosso líder dos milagres, ficamos em terceirão e na libertadores. Com Caio Potter Junior, ficamos em quinto em 2008, mas sem alegria, sem magia. Eis que chega 2009. Começou com um treinador que é o espelho de nosso passado o maníaco-depressivo: Cuca. O Estranho no Ninho, tal e qual Jack Nicholson no filme, conseguiu brilhantismo e se perdeu na loucura, deixando nosso time completamente perdido na meiúca da tabela.

Quando Andrade assumiu, pela primeira vez teve a tranquilidade de fazer no banco o que fez em campo com a camisa 6. Distribuiu o jogo, segurou a pressão, cadenciou o time, refez os laços com a torcida. Torcida que pela primeira vez em muito tempo sabe o seu time de cor, com Bruno, com Léo, com Angelim, Álvaro, Everton(Juan este ano foi estepe); com Maldonado, gigante(como faz falta), com Willians, o carrapato, com Petkovic, com Zé Roberto, com Adriano.

A torcida que viveu de Macunaímas como Obina hoje tem ídolos de verdade. O arremedo de time hoje é temido como outrora. E talvez não ganhe o título brasileiro, nem é favorito para isso. Jogou mais de 15 jogos no limite extremo, ganhando a maioria, empatando alguns e perdendo só um. Jogou com sangue nos olhos o tempo todo. Os 11 da Esparta rubro-negra. Um time que ganhou até agora mais do que um título. Um time que recuperou a grandeza, um time que nos deu vergonha na cara, um time que nos fez voltar a genuinamente sorrir, a genuinamente sermos arrogantes, e a genuinamente sermos reclamões. Um time valente.

Um time que nos faz ter desgosto profundo se faltar o Flamengo no mundo.

Arthur Chrispin é flamenguista exilado em Recife e já escreveu aqui noutra oportunidade

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