sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Como tentei entrar no Conselho Deliberativo do Inter

Como acabou o futebol, vamos à questões importantes fora das quatro linhas, mas ainda relativas a paixão de nós todos. O texto abaixo trata de como tentar mudar o que incomoda é bem mais fácil do que a gente pensa.

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Eu não entendia. Do alto dos meus oito, nove, dez anos, não conseguia explicar porque o time que eu e toda minha família torcíamos não vencia nada, e eles, sim. Parecia injusto demais ver aquela gente vestida de azul comemorando e dizendo que eles já tinham de tudo, enquanto eu nunca tinha visto meu time vencer nada. Até que eu tomei a decisão fatal.



"Pai, um dia vou ser presidente do Inter."



"Tá, Francisco. Agora pega tua mochila e vamos pra aula."



Era mais ou menos assim que eu passava os dias nos idos de 1995, ano negro na história do futebol mundial. E, com o passar do tempo, a sensação de que ALGO deveria ser feito se tornava cada vez mais presente, mesmo que eu não soubesse muito bem como agir.



(Aqui, um corte de dez anos no tempo)



2005. Pela primeira vez, consegui um emprego em que eu ganhasse mais do que um mendigo que trabalha só nos finais de semana. E a primeira ação depois disso foi bastante óbvia: me associei ao Inter. Todo mês, trinta pilas saíam direto da minha conta para os cofres do Sport Club Internacional, garantindo meu espaço em qualquer jogo que eu conseguisse ir — e mantendo viva aquela esperança de, um dia, fazer a diferença pelo time que eu amo.



Pois chegou o momento. Neste sábado, 25 mil pessoas na minha situação vão escolher o novo presidente e 150 conselheiros pro clube. E eu sou um dos candidatos a entrar no Conselho Deliberativo, da forma mais inesperada e pitoresca possível: através de uma chapa formada exclusivamente por "gente da internet".



Explicando: como em qualquer clube, o CD do Inter é formado basicamente por

a) políticos querendo se promover

b) gente pública se aproveitando do nome para aparecer

c) amigos dos amigos



O problema é que falta uma categoria nessa relação: a dos torcedores. Incomodado com isso, tomei conhecimento, através de um blog, de uma chapa formada por gente que se conheceu através do orkut, de blogs de colorados, e que começou a freqüentar jogos juntos. Essa gente decidiu que quer fazer parte do clube, da mesma maneira que eu pensava quando tinha dez anos. E decidiram tirar a bunda da cadeira para fazer algo.



A partir daí, foi só trocar alguns emails, concordar em integrar a nominata para participar e pronto, estou inscrito. Sou o 47º de uma lista de 150 nomes, com chance próxima a 0,000001% de entrar no CD nesta eleição. Afinal, faço parte de um movimento pequeno, quase desconhecido, mas que está buscando seu espaço. Se conseguirmos colocar os 23 candidatos que a cláusula de barreira impõe como mínimo (15% dos votos), já será uma vitória imensa. E um primeiro passo para cumprir a meta tão solenemente estabelecida quando eu tinha 10 anos e nunca tinha vencido nada.

P.S.: O link para o site da chapa é http://interchapa3.com.br/. O blog que eu descobri a chapa, e onde grande parte se conheceu, é o http://bolavermelho.blogspot.com.

Francisco Luz tem 23 anos, é estudante de jornalismo colorado e fuma aquela bosta de L&M que ainda por cima é azul.

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Então, se você é colorado e associado, taí uma chance de começar a mudar.

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