Corinthians: 98 anos de paixão

Os dias tão corridos me impediram de prestar a minha singela homenagem ao "time do povo". Primeiro de setembro de mil, novecentos e dez é a data de nascimento de um dos maiores avassaladores de corações do Brasil. Joaquim Ambrósio, Carlos da Silva, Rafael Perrone, Antônio Pereira, Anselmo Correia e mais oito moços foram os responsáveis pela fundação do Sport Club Corinthians Paulista no bairro do Bom Retiro em São Paulo. Coincidência ou não, eu também nasci e me criei naquele bairro. Talvez aí tenha se iniciado a grande paixão? Talvez sim, talvez não. O que importa é que ela reside forte e saudável aqui dentro do peito.
Ainda existe o conhecido Corinthinha lá no bairro e ontem foi dia de caminhada dos fiéis torcedores, como numa procissão, em homenagem a esta religião chamada Corinthians. Os manos se reuniram em frente ao Corinthinha e de lá seguiram rumo à quadra dos Gaviões da Fiel Torcida, onde o show pirotécnico e a festa reinaram noite adentro.
Time que logo após a fundação ganhou um campinho de terra batida em plena Rua José Paulino, hoje bombadíssimo centro comercial de São Paulo, ainda não tem um estádio pra chamar de seu. A massa fiel leva a Fazendinha em seu coração, mas male male temos nossos treinos por lá. E o Centro de Treinamento de Itaquera, que deu o nome da estação de metrô Corinthians-Itaquera (e que depois gerou a bonita lei que trocou os nomes das estações para Palmeiras-Barra Funda, Portuguesa-Tietê e a futura São Paulo-Morumbi), somente é usado para os treinamentos das categorias de base e o time feminino do Coringão.
No entanto, nós os corinthianos-maloqueiros-e-sofredores-graças-a-Deus, chamamos o Pacaembu de nosso e ai de quem diga o contrário. Pacaembu é a casa do Timão e duvido que alguém pense no nome deste estádio sem imaginar os imensos bandeirões alvinegros cobrindo a arquibancada.
Ser corinthiano é ser religioso, é rezar a cada posse de bola para que nada aconteça com nossos mosqueteiros. Ser corinthiano é xingar durante uma partida inteira, cobrando raça do time e, quando vê o gol de empate sair aos 44 do segundo tempo, chorar como criança enquanto grita a plenos pulmões eu nunca vou te abandonar, PORQUE TE AMO!
Claro que nenhum torcedor guerreiro gostaria de estar comemorando o 98º aniversário de um clube como o Timão na segunda divisão. Clube que já foi casa de tantos talentos, tanta gente que brilhou. Mas tropeços fazem parte do aprendizado. Mesmo para um senhor de 98 anos. Aos 97, ele se deixou levar pela mão de pessoas que nunca valorizaram o futebol, mas, sim, o dinheiro em seus bolsos. Tropeçou e caiu. A dor do fracasso fez sangrar cada coração, escorrer lágrimas dos olhos dos mais durões. Com os joelhos ralados, estamos nos levantando, sem esquecer a vergonha de ter caído. Sobretudo, sem esquecer a raça que nos levará de volta às glórias. E aqui vamos nós, rumo à divisão de elite do futebol brasileiro. Porque até os nonagenários escorregam!

Feliz aniversário, meu Timão!




Vou cantar pro Timão ganhar
Vou cantar pro Timão ganhar
Eu te amo, eu te quero bem
Vou cantar pro Timão ganhar
Vou cantar pro Timão ganhar
Eu te amo, eu te adoro, meu amor
A semana inteira fiquei esperando
Pra te ver, Corinthians,
Pra te ver jogando
Quando a gente ama
Não mede esforço
Pra te ver jogar, te ver jogar, te ver jogar
Não é brincadeira
Vou vestir meu manto,
Manto alvinegro
Tem de ter respeito
Amor à camisa,
Vou com o Corinthians
A qualquer lugar


*foto gentilmente roubada do Todopoderosotimao.com