terça-feira, 14 de outubro de 2008

Das responsabilidades ou Quem fala demais dá bom dia a cavalo

Um presidente de clube pode - e deve, acredito mesmo - ser torcedor. O que não pode, em tempo algum, é deixar o posto de presidente quando fala à imprensa. Ele deve ter consciência de que suas declarações de apaixonado pelo clube repercurtem mais amplificadas do que a voz do tocedor comum - a minha e a tua.

Como exemplo de erro galopante temos ele, o Clodovil da Gávea: Márcio Braga. Eu, Lila, aqui no Chuteira ou no bar da esquina, posso e devo dizer que acredito, que estou preparando festa de campeonato ou que o time do Vasco está inexistindo; ele, Márico, não pode. Mais do que não poder, não deve. Da mesma forma que não vou até a Gávea ensiná-lo a presidir (embora devesse, que conste), não admito que ele venha a público me ensinar como torcer.

Qualquer um que tenha lido cadernos esportivos na semana passada viu a declaração - apaixonada, mas equivocada - do Sr Braga, dizendo que a festa do Hexa já estava pronta. E o prospecto era bom: estávamos em quarto lugar, empatados em pontos com 3o colocado e a poquíssimos pontos do líder. Míseros empates nos jogos dos 3 primeiros e subiríamos posições importantíssimas. Não era impossível, não era, nem mesmo, improvável. Mas o presidente abriu a boca e colocou sangue nos olhos dos adversários e um salto agulha nos nossos.

O que aconteceu domingo no Maracanã é fruto dos ecos da desprositada fala. O Flamengo, possivelmente se achando já campeão, perdeu a vontade de viver ainda no primeiro tempo. Diante de 81 mil pessoas que se acotovelam nas arquibancadas e cadeiras azuis*, o time se entregou; talvez já crendo ter o título...

Mas o Sr Márcio Braga ainda não parou. No ínicio dessa semana, ausentou-se da culpa pela derrota e já diz desconhecer o Vasco. Como assim, o senhor não conhece o Vasco? Pois apresento-lhe eu o Clube da Colina, Dileto Presidente. O Vasco é o nosso rival. E nossos rivais têm, quase sempre, a mesma grandeza que nos cabe. Não passe vergonha diminuindo a agremiação que bate de frente conosco, para não corrermos o risco de acabar rivalizando com um Boa Vista da vida. Márcio Braga, o Vasco é um time grande. E é o nosso clássico. E é o mais bonito do mundo.

Mostre respeito, Dirigente. O mesmo que exige de seus adversários. E também pense um pouco mais antes de se portar como torcedor quando próximo a microfones. Mas, acima de tudo, estimule o elenco; não com festas de hexa, mas mostrando a eles que a torcida - aquela que fica na arquibancada, sem voz, tomando chuva e vento - merece o título, a glória e ter um sorriso que não cabe no rosto de tanta felicidade e orgulho. Orgulho de ser Rubro-Negro, Senhor Márcio Braga. Orgulho. E não a vergonha de ter um comandante tão despreparado.


*Que eu só chamo de geral.

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