sexta-feira, 20 de junho de 2008

A mais importante das menos importantes coisas

Há algum tempo, escrevi sobre ser mulher e gostar de futebol. De como é dura a vida de uma moça que realmente tem a paixão no sangue. E não é somente porque existem as muitas namoradas-participativas, mas também se deve ao enraizado conceito de que futebol é coisa de homem. Voley é esporte de menina. Nado sincronizado. Ginástica olímpica. Equitação. Sei lá, mas futebol não é. Ou não era, afinal só aqui temos 12 moças apaixonadas.

Ainda somos olhadas com com um misto de desconfiança aberta e admiração velada. Afinal, não é da natureza social que se encare com normalidade uma mesa com 4, 5 mulheres que só tiram o olho do jogo pra pedir mais uma cerveja ao garçom. Mulheres relativamente silenciosas se o jogo está pegado e que fazem as mais absurdas piadas futebolísticas quando era melhor estar acompanhando o campeonato do Aterro. Daquelas que ebravejam e xingam e chegam até a falar qualquer coisa mais grosso, porque, na boua, era melhor mesmo ter posto um cone no lugar do lateral e essa merda desse atacante tem mais é que colocar a porra do pé na forma. Os homens presentes se dividem entres os encantados, os admirados e os que se sentem ameaçados. Os dois primeiros grupos são os que tentam aproximação, nem que seja porque conversar de futebol com mulher é algo novo; o último grupo sente a necessidade de marcar território e que o conhecimento deles é obviamente maior. Tolinhos, deveriam sentar e conversar. Não estamos aqui para roubar o terreno de vocês, viemos torcer.

Torcer e apreciar os jogadores, porque somos humanas. E porque eles trabalham para um corpo definido sem a chateação do tanquinho, do bração, da envergadura e dessas outras coisas "fisiculturistas", nós podemos - mais do que isso, devemos - admirar um trabalho bem feito. Porque se o Flamengo não anda jogando muita bola, pelo menos, Fabio Luciano e seu metro e noventa e quatro me alegram bastante a tarde. Se o Corinthians está na segunda divisão, tem Herrera com seu jeito meio louco e burro* e seu pastor alemão invocado**. E tem Ballack e Van Nistelrooy e Palermo e Agüero e Heinze e mais um monte de delicinhas espalhadas pelo mundo.

Afinal, mulheres que gostam de futebol unem paixão (com todos os seus prós e contras) e razão, fazendo de uma simples partida de futebol um evento social que mistura a ancestral arte do falar do alheio; a admiração pelo esporte; e uma certa dose de sapequice na espiada descomprimissada.


*Copyright by Bel
**Pastor alemão é a expressão familiar para bunda

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