terça-feira, 8 de julho de 2008

Avenida Borges de Medeiros,997

Uma coisa que me impressiona nessa era de "informações rápidas" é a quantidade de abobrinha que somos obrigados a ler no noticiário esportivo. Todo segundo existe uma informação de suma relevância como, por exemplo, Lateral direito espirra três vezes e se torna preocupação no jogo da próxima rodada. As "bombas" estão cada vez mais banais e até entediantes. Confesso que tenho evitado acompanhar por pura preguiça de tanta falta de noção.

Mas não é sobre isso que quero falar. Lendo as coisas hoje pela manhã, me deparo com a seguinte declaração de Kleberson:

"Estamos vacinados, tivemos um surpresa na Libertadores."


Surpresa na Libertadores? Vem cá, amiguinho, você viu o mesmo jogo que eu? Ou a surpresa era ter outro time em campo? Sério, Kleberson, vem aqui e me conta que surpresa foi essa que vocês tiveram contra o Amex que ainda não entendi...

Mas ele continua:

Estamos indo passo a passo. Ano passado, o nosso número de vitórias fora de casa complicou, mas esse ano já melhoramos isso. Se conseguirmos manter será muito bom.


Se? SE?! Olha só, Kleberson, deixa eu te contar um segredo: faz tempo que o Brasileirão anda nivelado por baixo, infelizmente. Muitos motivos que não vou explicar agora, mas está. Não existe "se conseguirmos manter". O que tem que acontecer é: "vamos entrar em campo pra passar por cima de geral, devemos isso à torcida". Esse deveria ser o pensamento na Gávea. E, para não dizerem que só critico, ele segue:

Não temos que entrar em campo como líderes, temos que pensar em cada jogo, conseguir os três pontos.


Finalmente uma declaração acertada, einhô. Concordo, como já demonstrei ali acima. Mas como nada é perfeito, ele estraga tudo na mesma declaração:

De repente alguém pode ter uma arrancada, como o próprio Flamengo teve no ano passado, e aí nos complica.


Só eu lembro que não foi "arrancada" coisa nenhuma? Que ano passado teve o PAN e o Flamengo ficou com uns, sei lá, 5 jogos atrasados? Ok, acredito em arrancadas e tropeços, futebol caixinha de surpresas, mas, gente, não se pode usar como exemplo de superação um atraso de várias partidas num campeonato de pontos corridos, não é mesmo?

Poderíamos ter perdido todos os jogos? Sim, claro, Flamengo, né? Mas ainda assim, enquanto a maioria tinha entre 1 e 6 pontos para buscar, nossa busca era mais elástica indo de 1 a 15 pontos. É muito mais do que o dobro. Não é comparável exatamente porque havia muito mais pontos a conquistar em uma semana do há na tabela sem adiamentos.

Oras, atualmente os 20 times têm 3 pontos em jogo, logo uma combinação favorável de resultados pode colocar alguém no topo com bastante facilidade. Basta saber ler e ver a tabela. Os clubes entre o segundo e o quinto lugar têm o mesmo número de pontos, então, por exemplo, em caso de tropeço de Cruzeiro, Grêmio e Vitória, o Palmeiras sairia da 5a para a 2a posição. Ou seja, na embolação momentânea da nossa competição, uma arrancada depende mais de tropeços que de méritos. Coisa, que na ânsia de publicar qualquer notinha, qualquer declaração, qualquer atualização, as pessoas esquecem e perguntam o que der na telha.

E eu, que comecei reclamando da imprensa, falei mal do Kleberson e "expliquei" a tabela percebo que só enrolei e não disse nada de relevante, vejam só vocês.

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