sábado, 29 de março de 2008

Pequenas atitudes, grandes resultados. (ou) Pequenas falhas, grandes desastres.

Hoje, depois de meses, eu fui ao campo - e antes não tivesse ido. Talvez seja melhor morrer de infarte ouvindo pelo rádio, mas ter a ilusão que o meu time realmente "dominou o jogo" e que quando o locutor diz que o Teles "avança em velocidade", ele está de fato correndo um pouco mais que a galera que faz cooper na praça da Liberdade às 5h30 da manhã. Talvez seja melhor do que morrer de raiva!

Se futebol fosse igual àqueles joguinhos de auditório em que o competidor pode escolher se pára ou continua nós devíamos ter parado no intervalo, e seria perfeito. 3x1, com três belos gols – dois deles marcados pela agora onipresente chuteira laranja (ó), dessa vez nos pés do meia Thiago Silva. Tá certo que o gol tomado foi um vacilaço imperdoável, mas a resposta veio quase que imediatamente com o terceiro gol. Esse é o América que não deixa a nossa esperança acabar nunca!

Aí no segundo tempo entra em campo aquele América que nos faz lembrar que, realmente, ser americano é uma sina sem explicação lógica. Entrega mais dois gols de graça e continua tocando bola como se tivesse 8x0, perde pênalti, quando chega perto do gol chuta em direção ao placar e deixa a pequena mas fiel torcida levar pra casa um empate de 3x3, mesmo com o adversário (que completo já era pereba) jogando com dois a menos!

Não quero ter a pretensão de ensinar um técnico a dirigir a um time e sei que os problemas do América são bem mais profundos, mas fiz uma listinha básica que penso seriamente em enviar pra diretoria, com a sugestão de eles promoverem um cursinho com todo o plantel. Alguns jogadores teriam que fazer um rápido preparatório antes, pra aprender as lições Esta é a bola, é nela que você deve prestar atenção e Este é o gol, é nele que você deve mirar a bola. Aprendido isso, os jogadores que passarem na sabatina pra ver se entenderam direitinho deveriam, antes de conhecer pessoalmente a gorduchinha, passar uma tarde num workshop.

Minha sugestão de programa:

1) Futebol não é totó - apesar de ambos serem jogados num retângulo verde com 22 hominhos tentando acertar a bola em um gol, o futebol apresenta uma característica inconfundível com o totó – também conhecido como pebolim: os 22 hominhos não só podem, como devem se mexer. O atleta deve compreender as suas próprias possibilidade de movimentação e aprender a expandir seu potencial movimentativo em campo. Igualmente importante é a consciência definitiva de que o adversário também se mexe, e que isso não deve ser ignorado, principalmente quando se está com a posse da bola – caso em que invariavelmente ao menos um adversário irá se mexer na sua direção, e pode apostar não será por causa dos belos olhos verdes.

2) O juiz, este ser incompreensível, parte 1 – de uma vez por todas, o juiz pode ser burro, manco, viado, ladrão, argentino, cego, filhodaputa, qualquer coisa, mas enfie uma coisa na sua cabeça: ele não é pra ser compreendido, é pra ser obedecido! Pode ser uma injustiça, e na maioria das vezes é mesmo, mas é ele quem tem o apito, os cartões e a síndrome do porteiro – aquela que sempre ataca um mané temporariamente investido de qualquer poder. Então, fica na sua, é melhor ser injustiçado com uma falta no meio do campo e depois o juiz tomar uma ferrada na justiça desportiva do que a ferrada ser sua porque você achou que falando grosso ia convencer o cara a mudar de idéia.

Coffee-break educativo: por quê não se pode almoçar feijoada antes do jogo?

3) O juiz, este ser incompreensível, parte 2 - por mais óbvio que pareça um lance, no mundo encantado do futebol ele só existe de verdade depois que o juiz assim o determina. Então, mesmo que o atacante adversário esteja três metros na frente do último homem no momento do passe, se você não escutou o apito você não deve parar de jogar em hipótese alguma! Primeiro defende, depois procura saber se foi ou não impedimento, ok? Nota importante: fazer isso uma vez é vacilo, fazer duas é vontade de apanhar.

4) Por que não se deve desperdiçar pênalti? - Porque NÃO! Nunca, jamais, em tempo algum! Agora cala boca e vai treinar.

Encerramento/confraternização: realização de um coletivo lúdico sem contagem de gols. O objetivo é que os jogadores, despidos da preocupação de marcar, desenvolvam a capacidade de compreender que a bola nunca deve ser chutada na direção do goleiro do seu time.

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Ó, na boa, se eles conseguirem entender isso, grandes chances de uma melhora sensível no rendimento do time! Bobear dá até pra organizar um workshop avançado para desvendar os mistérios da finalização...

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