terça-feira, 11 de março de 2008

A regra é clara, mas o juiz é cegueta, e aí?

A discussão não é de hoje, mas o problema parece vir se agravando cada vez mais. A rodada do fim de semana foi repleta de exemplos da, digamos assim, "fragilidade" da arbitragem. É claro que eu acredito que há sim muita corrupção e compra de resultados, mas ultimamente tenho achado que a questã maior é incompetência mesmo. Em graus variados, desde a touperice sem cura até uma simples distração na hora mais imprópria possível. O fato é que está ficando cada vez mais evidente que o sistema de arbitragem precisa de uma reformulação urgente!

A lista de casos daria um rosário sem fim, mas peguemos três episódios do último fim de semana que se destacaram pelo nonsense:

1) O caso já citado em post abaixo do jogador do Guaratinguetá que tomou dois amarelos no mesmo jogo e não foi expulso. A explicação dada foi que o árbitro José Henrique de Carvalho se distraiu e anotou o número errado do jogador. Ok, todo mundo erra. Mas por quê não consertar o erro assim que ele foi percebido? Se até o vendedor de picolé do Morumbi percebeu o erro, será que ninguém mais da equipe de arbitragem percebeu? Claro que sim! O próprio juiz admitiu que foi avisado poucos minutos depois, mas resolveu não expulsar o jogador. E pior, sacramentou o erro na súmula, favorecendo, de novo, o jogador amarelado, que além de não ter saído do jogo não precisará cumprir a suspensão. A coisa ficou por isso mesmo? Nãããão... Ontem, o juiz distraído foi suspenso pela Comissão de Arbitragem por causa da lambança. Beleza, isso tá certo! Mas eu ainda não acho correto não haver uma retificação da súmula. E digo mais: queria ver se tava todo mundo tão numa boa com o fato se o Guará tivesse ganhado o jogo, e não o Curíntia. Capaz...

2) A marcação do pênalti e a expulsão do goleiro Marcos, do Palmeiras, por ter dado um chuteleco no Malaquias após este confundir o gramado com um tatame e quase arrancar suas costelas com a chuteira!


O goleiro errou? Errou. Mereceu o cartão por ter ido lá chutar o outro, mesmo tendo sido um chutinho tão vagabundo que não machucaria ninguém? Evidente que mereceu. Mas ele teria feito isso se o juiz tivesse feito seu trabalho direitinho? Muito provavelmente não! Não é certo, mas é perfeitamente compreensível que qualquer ser humano tenha uma reação impensada ao tomar uma pesada no meio da costela e o juiz mandar seguir como se não fosse nada! Errou o juiz ao não marcar a falta, mas como um erro não justifica outro, errou o Marcos ao revidar. O goleiro pagou pelo erro, e caro: além da expulsão, o relato do fato na súmula foi feito de forma que o jogador pode ser indiciado na justiça desportiva e levar uma suspensão de 120 a 540 dias. Pensa só, é tempo pra caralho! Agora pergunta se o juiz Paulo César Oliveira vai pagar alguma coisa pelo seu erro? Alguém tem dúvidas que não?

3) O pênalti cometido pelo jogador do Noroeste que desviou a bola com a mão e o juiz demorou três minutos pra marcar. A explicação oficial é que o juiz, apesar de bem colocado, estava olhando para outro lado devido a um pedido de substituição. O bandeirinha, que não levantou o objeto que pelo qual, não por acaso, ele é conhecido, teria apertado um aparelho que manda um sinal vibratório para um sensor no braço do árbitro, mas este achou que o aviso era para a substituição e nem deu bola. O auxiliar continuou apertando o treco até o juiz resolver ir lá ver o que tava pegando, e aí sim, resolveu marcar o pênalti. Mó galera ficou discutindo que alguém soprou pro bandeirinha o que é que houve, que foi por isso que demorou e talz. Eu, particularmente, acredito que não interessa se soprou ou não, interessa que no fim das contas a marcação foi correta. Mas, supondo que não houve sopro e que o relatado foi mesmo o acontecido, vejam que cousa mais sem noção: o bandeirinha, que ficou um tempão lá tentando chamar o árbitro pra fazer o certo, ou seja, avisar que houve um pênalti, foi punido com suspensão de 15 dias pelo singelo erro de não ter levantado a bandeira! Já pro árbitro, que além de desprezar os chamados do auxiliar estava olhando pro outro lado na hora de uma cobrança de escanteio, nem um puxãozinho de orelha... Palhaçada!

O curioso é que quando tudo isso aconteceu eu já pensava em escrever sobre o assunto, principalmente quando li esta notícia de que a Fifa "decidiu 'suspender todos os recursos' tecnológicos que possam ajudar as arbitragens das partidas". Qual a lógica disso, deus meu???

Já vai pra mais de 20 anos que eu vivo me perguntando por quê raios o árbitro não pode ver o replay! Eu era ainda criança e achava um barato aqueles tira-teimas mudernésimos do globo esporte, e nenhum adulto conseguia me convencer que o árbitro não podia consultar aquilo pra tomar a decisão, porque ia atrasar, não era justo e blablabla. Talvez realmente não fosse justo há 20 anos, quando tais recursos ainda eram caros e raros, mas hoje? Oi, terceiro milênio? Transmissão ao vivo pra um celular com 743 ângulos diferentes ao gosto do freguês? E daí se o quarto árbitro soprou pro bandeira que o sujeito meteu a mão na bola quando o sujeito realmente meteu a mão na bola?

O quê é mais importante? Que seja feita a marcação correta (logo, justa) ou a soberania da decisão de um infeliz que além de ser cobrado, pressionado e xingado por todo mundo em volta, nem sempre está olhando pra onde devia?

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